quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Uns dos mais importantes poemas líricos de Gonçalves Dias

Olhos verdes

São uns olhos verdes, verdes,
uns olhos de verde - mar,
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança,
Uns olhos porque morri;
Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
........................................
Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Têm luz mais branda e mais forte,
Diz uma - vida, outra - morte;
uma - loucura, outra - amor.
Mas ai de mi! Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz do coração;
Mais ai de mi
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
..........................................
Como se lê num espelho,
Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
Mais aide mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Dizei vós, ó meus amigos,
Se vos perguntam por mi,
Que eu vivo só da lembrança
De uns olhos cor de esperança
De uns olhos verdes que vi!
Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Dizei vós: Triste do bardo!
Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes,
uns olhos da cor do mar:
Eram verdes sem esperança,
Davam amor sem amar!
Disei-o vós, meus amigos,
Que ai de mi!
Não pertenço mais à vida
Depois que os vi!

Um comentário:

  1. Olá...gostaria de ver um poema de Carlos Pena Filho:CHOPE..
    retrata muito bem o período áureo da cidade do Recife..agradeço desde já..!!

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